segunda-feira, janeiro 09, 2006

 

A BARRAGEM DE ASSUÃO


Posted by Picasa A Barragem de Assuão é a maior de África e uma das maiores em todo o mundo e começou a ser construída no dia 9 de Janeiro de 1960.
A prisão das águas do Nilo na albufeira deu lugar a uns dos maiores lagos artificiais do mundo, baptizado como Lago Nasser.
Muita água de facto é posta ao serviço de grandes utilidades e de grandes atentados à mãe natureza.
Mas O Assuão não tem mais vista que a da monotonia nem primor de arrojo estético na contrariedade da natureza.
Nada que se compare à barragem que tem a medalha de prata africana – Cahora Bassa, em Moçambique, e que é um espectáculo de grandeza medonha no despenhar de águas, garganta do Zambeze abaixo.
Sabe-se que, nestas coisas do grande progresso, são muitos os prós e outros tantos os contras
.Assuão foi obra gigantesca que conciliou, na cabeça de Nasser, o sentido faraónico do poder vanguardista e redentor e o desejo de dar um empurrão de progresso ao Egipto.
Sem o Assuão, dificilmente o progresso chegaria pela industrialização, pela modernização e pela qualidade mínima de vida aos camponeses atrasados e carentes, arrastando-se ao mando das leis do rio.
Nasser saberia, tão bem como sabemos hoje, que o preço desse progresso ia ser alto (demasiado) – destruição de grande parte do legado civilizacional e monumental da cultura egípcio-núbia (uma parte, ainda a Unesco conseguiu salvar das águas); as alterações climatéricas; o desenraizamento e deslocamento das tribos núbias; perda do efeito nutriente do Nilo sobre as suas margens (porque as inundações acabaram e os nutrientes vegetais que o rio traz de África passaram a ficar retidos nas comportas) e consequente progresso da desertificação até à linha de água do Nilo.
Hoje falta a bênção dos aluviões e sobra a destruição química de terras pobres pelo exagero no uso de adubos.
Como se a química pudesse substituir a bênção da natureza.Americanos, ingleses e franceses viraram as costas no apoio à obra de Faraó Nasser, os primeiros a quem ele pediu apoio para a construção da barragem.
Não por causa do ambiente, note-se.
Nasser era um desalinhado com ímpetos de progressismo “socialista-árabe”.
Então, Nasser virou-se para os soviéticos e aí encontrou todo o apoio que deu origem à maior realização da tecnologia soviética fora de portas.
Por um lado, a URSS precisava de marcar pontos em Àfrica e no mundo árabe, por outro lado, há muito que o Kremlim tinha feito tábua rasa das preocupações ambientais quando a industrialização era para avançar a todo o vapor.
Na altura, Nasser era uma das melhores cartas a jogar no tabuleiro geo-estratégico.
Para os americanos, era carta a descartar (Israel era o ás de trunfo).
Nasser tornou-se aliado soviético apesar de, antes, ter liquidado os comunistas egípcios até ao último exemplar. Mas isso sempre foram miudezas para a praxis se aquilo é terra núbia, terá havido alguma consideração étnica na balança da decisão.
As grandes vítimas seriam os negros egípcios-núbios, não é verdade? E os beneficiados não eram os egípcios-árabes? Qual a dúvida, então?Nasser não viveu o suficiente para inaugurar, no início da década de setenta do século XX, a Barragem de Assuão.
Coube ao seu sucessor, Sadat, cortar a fita, correr com os soviéticos do Egipto para fora, tornar-se amigo de americanos e construir a detente com os israelitas (não gostaram os Irmãos Muçulmanos desta última parte e limparam-lhe o sebo, como se sabe).
O progresso passa por ali (incluindo o da vitória do deserto).
Naquele monstro de massa de água a alimentar turbinas.
àgua lisa

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