sexta-feira, junho 03, 2005

 

AIATOLÁ KHOMEINI


Rourollah Mousavi Khomeini nasceu no dia 24 de Setembro de 1902, no mesmo dia do aniversário de nascimento de Hazrat Fatima, a mulher mais reverenciada e respeitada no Islã, na pequena cidade de Khomein, cerca de 160 quilômetros a sudoeste de Qom. Ele pertenceu a uma família de longa tradição em cultura religiosa. Seu pai, Aiatolá Seyyed Mustafá Musavi, foi educado em Najaf e Samarra e depois retornou à sua cidade natal, onde era o líder religioso do povo até sua morte, aos 42 anos de idade. A mãe de Imam Khomeini também possuía uma formação religiosa por ser filha de Aiatolá Mirza Ahmad, um renomado teólogo.
Devido à morte prematura de seu pai, Imam passou a ser cuidado por sua mãe e sua tia, Sahiba, contudo, aos 15 anos de idade sua tia faleceu repentinamente e sua mãe também logo em seguida. A perda de seus entes queridos foi uma realidade muito difícil de ser encarada por uma pessoa tão jovem, porém, serviu para fortalecer ainda mais seu desejo de solidificar sua fé em Deus.
Ainda na infância, Imam Khomeini dedicou-se muito aos estudos. Desde muito jovem ele aprendeu a ler e a escrever; e seu irmão mais velho, Aiatolá Passandideh, também lhe ensinou gramática árabe lógica, juntamente com elementos de diversos outros assuntos.
Para aperfeiçoar seus estudos, Imam Khomeini estudou literatura no Centro para Estudos Teológicos em Arak e depois em Qom, tornando-se uma autoridade em teologia e leis canônicas.
Um homem que se fez por si mesmo, com educação refinada, Imam Khomeini sempre enfatizou a performance das tarefas religiosas e a observância das doutrinas Islâmicas. Ligado a todos os segmentos das ciências racionais e tradicionais, ele começou a lecionar filosofia aos 27 anos de idade e escreveu diversos livros sobre diversos assuntos religiosos. Aos 30 anos, Imam Khomeini casou-se com a filha de um professor de religião e seu casamento foi abençoado com dois filhos e três filhas.
Khomeini sempre se pronunciou contra a opressão e a tirania no mundo com uma voz ressonante. Seu constante protesto contra o antigo regime de tirania no Irã ateou fogo nos corações do regime Pahlavi e o ódio contra Khomeini foi apresentado claramente após a declaração de sua prisão e exílio de sua terra nativa.
Em outubro de 1962, o gabinete do governo déspota do Xá aprovou o projeto de lei para o estabelecimento dos conselhos das cidades e províncias. De acordo com este projeto de lei, a estipulação do “Islã”, o qual a constituição do país ordenava a todos aqueles eleitos para o Parlamento (Majlis) que acreditassem, foi omitido da lei e então o representante eleito poderia jurar sob qualquer escritura sagrada que desejasse, não necessariamente o sagrado Corão. Protestos em Qom surgiram contra o Xá a respeito desta questão e Imam Khomeini ligou para o primeiro-ministro Alam e protestou veementemente contra suas ações, opondo-se ao projeto de lei e, pela primeira vez, ele emitiu ações de advertência pedindo ao povo que lutasse. Ele protestou claramente contra a tortura e aprisionamento do povo pelo governo e, ao mesmo tempo, o apoio do governo ao Sionismo e a garantia dos interesses dos EUA.
A oposição pública surgiu e os círculos religiosos em Qom propuseram uma greve geral da força de trabalho iraniana. Foi declarado estado de emergência em Teerã e dois meses depois, em uma conferência de imprensa, o primeiro-ministro anunciou a anulação do projeto de lei.
Em 1963, os círculos religiosos em Qom declararam que os muçulmanos não poderiam celebrar o Ano Novo (o equinócio vernal) porque o aniversário do martírio do Imam As-Sadig caiu no segundo dia do Ano Novo. O rei deposto ficou espantado quando viu o povo apoiando a religião e Imam Khomeini, então, ele decidiu frustrar o plano de seus oponentes. Na manhã do segundo dia do mês de Farvadin (primeiro mês do calendário iraniano), diversos apoiadores do Xá e agentes da Savak (polícia secreta do Xá), chegaram a Qom em carros e ônibus. Tropas em veículos do exército fortemente armados espalharam-se por toda a cidade.
A casa de Khomeini estava repleta de pessoas. Foram ouvidas repentinamente mensagens anti-religiosas. Na escola Faiziyyeh, alguns desordeiros criaram distúrbios e atacaram as pessoas que lá estavam. Os agentes do Xá abriram fogo contra o povo e contra os clérigos muçulmanos. O Xá queria intimidar o clero a permanecer em silêncio, assim, ele poderia agir livremente, tiranizar a nação e agradar o governo norte-americano.
Tão logo Imam Khomeini recebeu as notícias do evento ocorrido, ele passou a acalmar o povo por meio de um discurso onde dizia: “Fiquem calmos, vocês são seguidores de líderes em vossa religião que sofreram grandes atrocidades. Tal afronta serve como um bumerangue. Diversas grandes personalidades do Islã morreram para que o Islã fosse mantido e confiado à vocês. Como conseqüência, a tarefa de preservar sua herança sagrada depende de vocês”., disse Imam Khomeini.
Seu discurso teve muito peso, não somente porque o orador estava ameaçado de morte, mas porque em tal momento crítico, ele prometeu a vitória para o povo e a derrota para o Xá.
Imam Khomeini pediu aos exaltados líderes religiosos em Teerã que revelassem as atrocidades ocorridas na região.Ele também pediu aos pregadores religiosos que fizessem referência em seus sermões sobre os abusos cometidos pelo regime contra os clérigos, da ameaça de Israel e seus agentes, assim como a atual ameaça ao Islã.
Imam Khomeini sempre foi acolhido calorosamente pelo povo iraniano. O apoio sincero que a massa deu ao líder religioso causou frustração ao regime. O regime viu isto como um obstáculo a suas políticas. A única personalidade religiosa restante que deu peso à liderança religiosa perante o povo e a colocou como fator determinante na sociedade iraniana foi Aiatolá Khomeini. Sendo assim, ele foi ameaçado pela Savak a fim de parar com os sermões na escola Faiziyyeh. Contudo, ele esteve lá à tarde, no dia 10 de Muharram (para comemorar o martírio de Imam Hussein) e disse:
“Chegamos à conclusão de que eles estão contra o Islã e a liderança religiosa. Israel deseja desacreditar nosso Corão, nossa escritura sagrada, e acabar com a liderança religiosa. Israel deseja dominar nossa economia, comércio e agricultura”.
Este discurso esmagador causou a ira no Xá. Na noite do dia 15 do mês de Khordad, tropas sitiaram Qom e invadiram a casa de Khomeini e o levaram à Teerã onde permaneceu sob custódia na prisão de Qasr. Posteriormente Khomeini foi transferido para a guarnição de Ishrat Abad. No dia seguinte o povo em Qom tomou as ruas e, liderados por Haj-Mustafa Khomeini, filho de Imam Khomeini, gritava: “Khomeini, ou a morte!”. Em Teerã o povo exigiu a sua liberdade imediata. O bazar e a universidade de Teerã foram fechados. Tropas abriram fogo contra o povo; foram muitas vítimas. Apesar do forte esquema de segurança, no dia seguinte (16 de Khordad), eles protestaram novamente na cidade de Teerã em apoio a Imam Khomeini. Em diversas outras cidade e vilarejos do Irã o povo fez greve geral. Não havia uma lista de vítimas, porém, cerca de 15 mil pessoas foram mortas em Teerã e 400 em Qom.
As atrocidades da lei marcial do Xá durante estes dias e o apoio do povo a Imam Khomeini foi manchete dos principais jornais do mundo. Apesar de a imprensa ocidental, especialmente os jornais imperialistas, nunca desejarem apreciar as lutas dos povos oprimidos do mundo para livrarem-se do colonialismo, a insurreição do dia 15 de Khordad e a liderança de Imam Khomeini causou grande impressão e estes não puderam permanecer negligentes.
A greve foi quebrada e o bazar reaberto assim que o povo recebeu a notícia de que Imam Khomeini estava bem e em bom estado de saúde. Poucos meses depois, ele foi transferido da prisão para o escritório da Savak, em Davoodiyeh. Isto diminuiu a tensão pública.
A poucos dias do aniversário do massacre de Faiziyyeh, tropas ocuparam novamente Qom, porém, sob forte pressão pública, Khomeini foi libertado da prisão e retornou a Qom.Seu primeiro discurso foi em Masjid Azam.
“Eles nos chamam de reacionários. Alguns jornais estrangeiros são subornados generosamente para dizerem que são contra todas as reformas e tentam conduzir o Irã à idade média. O Ruhaniyat (clero) opõe-se à adversidade sofrida aqui pelo povo. Queremos que eles mantenham a independência do país. Não queremos que eles sejam servos humilhantes dos outros. Tanto nós quanto o Islã não nos opomos à civilização. Vocês violaram todas as leis, tanto humanas quanto divinas. Os programas de rádio e a televisão estão com a suas estruturas danificadas. A imprensa envenena as mentes dos jovens”.
“Vocês possuem aqui especialistas militares israelenses. Vocês enviam estudantes iranianos à Israel. Nós somos contra tudo isso. Não nos opomos à liberdade das mulheres, mas não as queremos como bonecas feitas para atender aos propósitos masculinos. Seu sistema educacional está a serviço dos estrangeiros”.
Além de revelar a maldade do esquema do regime Pahlavi, Khomeini sempre pediu a unidade das nações islâmicas contra o sionismo e o imperialismo.
O governo fantoche de Mansour, o então primeiro-ministro, encaminhou um projeto de lei extraterritorial ao parlamento iraniano (Majlis), o qual a aprovou. Imam Khomeini foi logo informado sobre este ato traiçoeiro e, em um discurso, ele explicou suas razões para se opor à lei. Em menos de dez minutos mais de 40 mil cópias de um anúncio contendo as opiniões de Imam Khomeini foram distribuídas por seus apoiadores em Teerã.
O Xá sentiu-se tão ameaçado pelo poder de Aiatolá Khomeini que enviou-o para o exílio.
Na noite do dia 13 de Aban (novembro de 1964), Qom foi ocupada novamente por tropas. Eles prenderam Khomeini e levaram-no para o aeroporto de Mehrabad a fim de enviá-lo para o exílio na Turquia. Pela manhã, o povo de Qom não possuía permissão para deixar suas casas e as tropas cercaram as casas dos líderes religiosos. Haj Mustafá Khomeini foi preso em Teerã. Ele igualmente foi enviado para o exílio na Turquia alguns meses mais tarde.
Ligações foram feitas para a embaixada da Turquia em Teerã por líderes religiosos em apoio a Khomeini, contudo, Hassan Ali Mansour, o qual era responsável pela lei e pelo exílio de Khomeini, foi assassinado por um membro do Fadaeiyeen-e Islam.
O governo turco, sob pressão, foi obrigado a transferir Khomeini para o Iraque, com a colaboração do regime iraniano e depois para a França. Imam Khomeini retornou ao Irã no mês de Bahman de 1357, realizando um grande discurso momentos após seu retorno.
Imam Khomeini retornou ao Irã do exílio e trouxe consigo “o início da Revolução Islâmica”. Com a queda do regime Pahlavi, o povo iraniano ganhou respeito e dignidade e o país hoje prospera graças aos seus ensinamentos. Faleceu no dia 3 de Junho de 1989.

Posted by Hello

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