quarta-feira, junho 08, 2005

 

OVBIAMENTE DEMITO-O


A vitória da União Nacional nas eleições de 8 de Junho de 1958 foi esmagadora, como Salazar recomendara, Américo Tomás recolheu 75 por cento dos votos. Ninguém acreditou nos resultados.
Nem mesmo dentro do regime, onde tanta "manigância" deixou um rasto de descrença.
Os católicos dividiram-se, entre o apoio ao cardeal Cerejeira e ao bispo do Porto.
Os jornais de 10 de Junho divulgam discretamente os resultados que o Ministério do Interior tomou públicos sobre o acto eleitoral da antevéspera: "Tinham votado 1.001.138 eleitores, sendo 765.081 (76,4 por cento) para o almirante Américo Tomás e 236.057 (23,5 por cento) para o general Humberto Delgado".
Esta discrição perante uma vitória esmagadora só surpreende à distância.
Naquele tempo foi necessária.
Ninguém acreditava em tais resultados e era preciso "deixar passar algum tempo" até que "os ânimos serenassem" e a repressão pudesse continuar.
Iva Delgado dá conta disso no seu último livro "Braga, cidade proibida" (Ed. Governo Civil de Braga, 1998), ao analisar os resultados eleitorais e tornar claro que em todas as mesas eleitorais onde não houve fiscalização a "chapelada" foi a regra: ou seja, 100 por cento de votos a favor do candidato da União Nacional, almirante Américo Tomás.
Nas 50 freguesias onde Humberto Delgado venceu foi sempre por curta margem e com os protestos dos seus partidários, por terem sido anulados votos que lhes eram favoráveis e que consideravam legais.
O Supremo Tribunal de Justiça deu-lhes alguma razão quando em 28 Junho proclamou os resultados finais. Américo Tomás: 758.998 votos; Humberto Delgado: 236.528 votos. Relativamente aos primeiros dados do Ministério do Interior, há uma diminuição de 6083 votos para Américo Tomás e um aumento de 471 votos para Humberto Delgado. Se não viesse a ter consequência trágicas, seria ridículo este artifício do órgão supremo da magistratura portuguesa.
Posted by Hello

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