quarta-feira, junho 22, 2005

 

PESCA DA SARDINHA


Sardinha escasseia .
A manter-se o panorama actual, a vida de pescador que já não é fácil, vai ainda complicar-se mais. Uma noite inteira de trabalho que não correu mal, porque saíram e lançaram as redes, rendeu em média a cada homem entre 15 a 25 euros.
A agravar a situação, os pescadores da Figueira serão, alegadamente, os únicos do país que ainda não receberam o apoio por cumprirem a época do defeso.
Na data em que o nosso Jornal acompanhou os pescadores do “Atleta”, numa noite de faina, algumas das embarcações nem se fizeram ao mar e outras nem chegaram a lançar as redes, porque da sardinha, mesmo pequenina, nem rasto.
Melhor sorte teve o nosso barco, que, num único lance conseguiu cerca de 200 cabazes do almejado peixe, quantidade que, traduzida em dinheiro, dá a cada um dos 16 homens, entre 15 a 25 euros, porque ganham conforme o que pescam.
Manuel Faria, mais conhecido por “Grandão”, o mais “antigo” no “Atleta”, diz que já conheceu melhores dias, que «não dá para quem anda em cima do mar» e questiona, «se há subsídios para os lavradores, porque é que não há para pescadores?».
A revolta vem porque em 15 dias, «levei 20 contos (100 euros) para casa, e o que é que um “gajo” diz à mulher?».
Já Carlos “Tareco”, que não quer que o filho siga as suas pisadas, porque «aqui não tem futuro», lamenta que o Governo «não intervenha e não dê incentivos para andar ao mar», manifestando-se convencido que «os pescadores estão em vias de extinção, porque é uma vida que exige muitos sacrifícios», incerta, que leva «muita gente a recorrer ao fiado, particularmente agora». Além disso, adianta, os pescadores da Figueira «são discriminados, porque a Segurança Social indeferiu os processos», disse, referindo-se à verba que deveriam receber, pelos meses do “defeso”, a pausa, entre Janeiro e Março, para que a sardinha se desenvolva.
Um desabafo confirmado pelos outros colegas de companha. «Porque é que uns recebem e outros não?», questionam-se, para adiantarem que assim, «não vale a pena meter os papéis».Uma situação «péssima».
O armador do “Atleta” é António Miguel Lé, também presidente da Cooperativa de Produtores de Peixe Centro Litoral O.P., que não tem dúvidas, «até à data as condições estão péssimas, porque a sardinha teima em não aparecer», e quando aparece «nem para transformação e derivados dá», apesar da que foi apanhada naquele dia ter saída, «porque não houve muita, tem um pequeno nicho de mercado».
Sublinhando que a situação «é preocupante», para toda a costa norte, António Lé acredita que a sorte pode mudar, porque «a esperança é a última a morrer», e principalmente porque na Figueira são perto de 250 homens que se dedicam a esta actividade, divididos pelas 10 embarcações e uma boa fase da sardinha seria «excelente» por se estar «na altura dos santos populares».
O dirigente da cooperativa fala também no não pagamento aos pescadores, pela fase do “defeso”, considerando essa situação como «de uma grande injustiça», porque os pescadores que meteram os papéis pelo «Serviço Regional da Segurança Social de Cantanhede receberam, os de Peniche, Nazaré e Matosinhos também e os que meteram por Coimbra não receberam».
Mas promete não baixar os braços enquanto a situação não se resolva.
in "DC"


Posted by Hello

Comentários:
A Situação não está fácil não...
Ser pescador na Figueira é dificil...
 
Postar um comentário

« Voltar

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

FREE hit counter and Internet traffic statistics from freestats.com