quinta-feira, julho 14, 2005

 

ERNST INGMAR BERGMAN


A obra de Ingmar Bergman compõe um dos mais ricos e essenciais capítulos da história do cinema.
Como poucos, o director se apropriou da linguagem para realizar um conjunto significativo que transcende a própria experiência cinematográfica.
Abordando temas intrínsecos à existência humana – como desejo, morte e religiosidade –, o cineasta rompeu as fronteiras do cinema sueco e atingiu a universalidade.
A relação de Bergman com o cinema antecede seu trabalho como profissional.
Antes de estrear na tela, já havia descoberto o cinema como forma de expressão e até de sobrevivência.
Aos 9 anos, no natal de 1927, não resistiu à tentação de ver o irmão presenteado com um projetor e sugeriu uma barganha definitiva para o futuro de sua vida: trocou um exército de chumbo pelo cinematógrafo.
Filho de pastor luterano, amargou uma criação autoritária, baseada em conceitos relacionados ao pecado, confissão, castigo, perdão e indulgência.
Em sua autobiografia, Lanterna mágica, Bergman faz relatos impressionantes.
Sempre que contava uma mentira recebia castigos constrangedores, como desfilar vestido de menina ou ser trancafiado num armário.
É nesse período que vivencia sentimentos como vergonha ou humilhação, tão explorados em seus filmes.
A iniciação profissional do director se deu através de um dos patriarcas do cinema sueco, Victor Sjostrom, homenageado em Morangos Silvestres, em que Sjostrom interpreta o protagonista que perde a noção da memória face à iminência da morte.
Do mestre, director do clássico O Vento, com Lilian Gish, Bergman herdou a compreensão da natureza como elemento de sustentação dramática.
É o que ocorre, por exemplo, em Monika e o Desejo, onde o verão inunda a trama de sensualidade.
Foi esse filme, por sinal, que despertou o interesse de Woody Allen pelo director sueco.
Embora Bergman seja quase sempre lembrado por suas obsessões mais frequentes, como o passar do tempo, a morte e a impossibilidade de comunicação, presentes em filmes como Luz de inverno, O Sétimo Selo, O Silêncio, Persona e tantos outros, o conhecimento mais aprofundado de sua obra revela um autor de talentos múltiplos.
O Olho do diabo, Sorrisos de uma noite de Amor e Para não falar de todas essas mulheres são filmes de um bom-humor surpreendente, sobretudo quando se sabe que são filmes do mesmo autor de Vergonha, Face a face e Da Vida das Marionetes.
Com larga experiência teatral (foi director do Teato Municipal de Goteborg , do Teatro de Malmoe e até hoje continua encenando), Bergman trabalhou em seus filmes com uma equipa que praticamente não se alterou.
Harriet Andersson, Erland Josephson, Max Von Sydow, Ingrid Thulin, Liv Ullman e o insuperável Gunnar Bjornstrand são apenas alguns dos nomes imortalizados pelo seu cinema. Sem eles, não existiria essa obra feita a base de rostos, gritos, silêncios e sussurros.
Apesar da fama mundial, Bergman não usufrui do mesmo prestígio na terra natal, a Suécia.
Acusado de burlar o fisco, em meados da década de 70, caiu em desgraça.
Desde então, vive recluso na ilha de Faro, de onde só sai para encenar suas peças teatrais ou realizar especiais para a tevê.
Fanny e Alexander, Oscar de 1985, foi seu último trabalho para o cinema.
Nasceu no dia 14 de Julho de 1918.
Posted by Picasa

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