sábado, agosto 13, 2005

 

ALFRED HITCHCOCK


É um dos cineastas mais comentados, biografados e reverenciados de todos os tempos. É difícil escrever sobre ele sem a sensação de estar repetindo o que todos sabem, ou pelo menos o que todos deveriam saber há muito tempo.
Mais difícil ainda é buscar novos ângulos para a análise de suas obras e de sua vida.
Ele já foi tratado como um simples artesão, como um mero empregado dos estúdios, repetindo a mesma fórmula para garantir bilheteiras, mas também já foi alçado à condição de gênio, de grande autor, principalmente depois que os franceses da Nouvelle Vague promoveram uma releitura respeitosa (e quase sempre precisa) de seus principais filmes.
Então, quem é o verdadeiro Hitchcock?
Antes de tudo, era um trabalhador do cinema.
No sentido proletário do termo.
Ao contrário dos diretores da actualidade, que são empresários, muitas vezes multi-milionários, e que se envolvem directamente na produção de seus filmes, Hitch manteve sua vida dentro da câmara, preocupando-se, essencialmente, com o que o público assistiria.
Decidir o enquadramento sempre foi mais importante que decidir o orçamento.
Talvez por isso, ele conseguia imprimir aos seus filmes um caráter, ao mesmo tempo, autoral e popular.
Hitch dominava a linguagem e conhecia como ninguém os recursos técnicos que a indústria poderia lhe proporcionar, mas parecia sempre mais disposto a brincar com o público (inclusive aparecendo rapidamente em seus filmes) do que a agradar aos chefões.
Hitchcock nasceu na Inglaterra, teve uma rígida educação jesuíta e pretendia ser engenheiro, mas acabou, ainda bem jovem, desenhando legendas de filmes mudos numa produtora londrina. Na década de 20, com o cinema ainda numa fase romântica, a diferença entre desenhar legendas e dirigir um filme ainda não era tão grande.
Depois de um breve período de aprendizado, como assistente de direcção e montador, em 1925 fez seu primeiro filme, nunca concluído, "The pleasure garden", obra ainda medíocre.
Em 1926, contudo, já assina "The Lodger", uma história com Jack, o Estripador, demonstrando grande talento.
Daí por diante, não parou mais de filmar.
Sua "fase inglesa" vai até 1949, quando David Selznick o leva para os Estados Unidos.
Em Hollywood, a personalidade reservada de Hitch, pouco afeita a festas e badalações, contribuiu para criar a sua aura de "senhor do suspense e do mistério".
Na verdade, o que ele queria era filmar.
E filmava como ninguém.
Já começou ganhando um Oscar com "Rebecca", e foi afirmando-se como um cineasta capaz de extrair bons filmes até de argumentos fracos.
Como sua produção era muito extensa, e sempre no ritmo ditado pelos estúdio, teve momentos de maior ou menor qualidade.
Mas quem vai negar os acertos de "Psicose", "Vertigo", "Disque M para matar", "Os pássaros", "Intriga internacional" e "O homem que sabia demais"?
O estilo de Hitchcock, que combina realismo na ação, uma certo maneirismo na construção dos personagens e extrema inventividade na narrativa visual (resultante, antes de tudo, de uma decupagem brilhante e sofisticada), já foi muito copiado, mas, como acontece com obras e autores de excepção, não pode servir de paradigma para ninguém.
Hitchcock foi um dos grandes. Nasceu no dia 12 de Agosto de 1899.
E ponto final.
Posted by Picasa

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