quinta-feira, agosto 25, 2005

 

FEIRA DAS CEBOLAS


Há pequenas e grandes, a maioria entrançadas com a arte de quem o faz há anos. As réstias de cebolas estão na Praça do Comércio à espera de clientes. As cebolas invadiram a Praça do Comércio - até ao próximo sábado -, mas para já estão a faltar os clientes. Cebolas, das boas, garantem os ceboleiros de Cernache, há muitas, mas não tem aparecido quem as compre.
Uns queixam–se mais do negócio do que outros; todos esperam pelos últimos dias para escoar o produto que os traz, de manhã à noite, a Coimbra.
As cebolas, garantem, são boas e recomendam–se: há–as grandes, médias, pequenas e quase minúsculas, a maioria as correntes castanhas, mas vão aparecendo algumas brancas, muito apreciadas nas saladas.
Os preços são ao cabo, à réstia ou à trança e vão do um aos seis euros: umas com 12, outras com 25 cebolas. Maria de Fátima Pato é das ceboleiras que mais desanimada está com o negócio.
Explica que, desde sábado, trouxe 120 cabos e tem ainda a maioria. “Se fiz 50 euros foi muito”, afirma, atribuindo a falta de clientela à crise e aos fogos que, nos últimos dias, assolaram a cidade e a região. “Não aparece ninguém, as pessoas parece que nem têm vontade de passear por aqui como costumavam fazer”, desabafa, explicando que são muitas as horas passadas com as cebolas aos pés, para, às vezes, “nem nos estrearmos”. As ceboleiras vêm bem cedo, às vezes logo de manhã, e só saem da praça por volta da meia–noite. Muitas horas à espera de fazer “uns trocos”, passadas com a ajuda da conversa entre vizinhas e a solicitação dos turistas. “Eles acham piada, tiram–nos fotografias e fazem uma grande festa, mas não compram porque dizem que não as podem levar no avião”, explica Maria Isilda, que participa na feira desde os tempos em que esta era conhecida como de S. Bartolomeu. O negócio, explica, não está mal de todo.
“Tem havido dias muito parados e outros em que já se vende”, explica, adiantando que as primeiras 200 réstias já se venderam e já tem na praça uma segunda.
Em casa tem mais meio milhar de cabos, mas diz que se destas vender outro lote de 200 já fica satisfeita. Espera, como as outras, que mais pessoas apareçam nestes últimos dias. A arte dos maridos Maria Isilda é “a mulher do dinheiro”, mas por detrás da vendedora está o agricultor: o marido. Admite que o mérito do cultivo e do enréstiar das cebolas pertence ao marido e não é caso único. Ramiro Barradas está na feira com a esposa, Maria Celeste, mas quem juntou as cebolas, nas horas vagas, entre o trabalho e o descanso, foi ele próprio.
A prática de anos resulta quase num recorde que espanta os outros vendedores: dois, três minutos é quanto demora a fazer uma réstia. Sorte diferente teve, este ano, Benilde Lucas. Sem a ajuda do marido para a meticulosa tarefa, por motivos de doença, e sem prática suficiente para dar conta das cebolas, viu–se obrigada a pagar a quem as “enréstiasse”.
“A um conto de reis à hora, é verdade”, sublinha. Mas, passados os primeiros dias de feira, está convencida de que valeu a pena. “Trouxe para aqui 270 cabos e já só aqui tenho uns 70”, afirma, confessando–se até espantada com a saída que as “pequenas” cebolas estão a ter.
“O ano passado tinha graúdas, mas este ano criaram–se pior e ficaram pequenas. E não é que as pessoas gostam?”. Seca não afectou muito.
Há muita cebola para vender, assim apareçam os clientes. A seca teve realmente efeitos em algumas povoações de Cernache, faltando à feira alguns dos ceboleiros mais antigos, mas a quantidade de cebolas não diminuiu. Ramiro Barradas explica que, nos locais em que a água se foi sumindo, algumas pessoas optaram por não plantar cebola e, por isso, este ano não estão na feira. “Sabe que a cebola exige rega, pelo menos de oito em oito dias, desde a plantação em Abril e as pessoas não arriscaram”.“Mas em Vila Nova, Vila Pouca e Féteira a água não faltou e a quantidade de cebolas não diminuiu”, assegura.
ANIMAÇÃO E GASTRONOMIA
Além das cebolas, atracção principal, a feira conta ainda com jogos tradicionais, noites de folclore e, claro, a gastronomia e doçaria típicas do concelho de Coimbra. Nas tasquinhas instaladas na praça, há caldo verde, sardinha de pasta, bolos e pataniscas de bacalhau, arroz doce, escarpadas e arrufadas de Coimbra, tudo “regado” com o licor de canela, a jeropiga ou o bom vinho tinto de lavrador.Furtos na feiraO desânimo tomou conta de alguns dos vendedores que, para além de estarem a vender pouco, foram roubados na noite de terça para quarta–feira. Apesar das cebolas ficarem cobertas por plásticos, a Maria de Fátima Pato furtaram 20 cabos delas e outros tantos, mais uma cesta de cabaças, foram levados da “banca” de Maria Celeste. Também Benilde Lucas ficou sem meio saco e a Alice Ramalho tiraram nozes, vassouras e cabaças.Alguns dos vendedores já pensam em levar as cebolas para casa todas as noites, mas os que não o podem fazer reclamam mais policiamento nocturno enquanto decorrer a feira.
in D.beiras

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Comentários:
Uma vez fui à feira das cebolas numa cidade que é melhor não dizer onde foi (não é Coimbra...) e não consegui encontrar as ditas...
Via-mos pessoas com cambos às costas, não quisemos perguntar onde é que elas estavam e viemos sem cebolas, já cansados de correr e de ver tantas coisas menos as misteriosas cebolas....
Até parece mentira !
 
só visto !
contado ninguèm acredita !
até parece que essa feira era clandestina...
 
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