quinta-feira, setembro 08, 2005

 

RICHARD STRAUSS


Richard Strauss nasceu em Munique, Alemanha, no dia 11 de junho de 1864. O pai era um excelente músico, trompista da Ópera de Munique, e deu todos os meios para que o pequeno Richard, que já dava sinais de entusiasmo pela música, desenvolvesse seu talento. Inclusive, apesar de sua antipatia pela música de Wagner, levou o filho, quando este tinha 18 anos, para Bayreuth.
Futuramente, a influência wagneriana, para desgosto do conservador pai, iria ser determinante para a música de Strauss.
Mas Richard ainda estava iniciando sua carreira. Compunha bastante, e suas primeiras obras recebiam boa acolhida, sendo inclusive regidas por importantes maestros, como Hermann Levi e Hans von Bülow.

O último achou o jovem músico tão promissor que o contratou, em 1885, para ser seu assistente em Meiningen.
Aqui, Strauss acabou conhecendo Alexander Ritter, o primeiro-violino da orquestra. Ritter era defensor do que se chamava, na época, de "música do futuro": os poemas sinfônicos de Liszt e o drama musical de Wagner, que tanto tinha impressionado Richard em sua passagem por Bayreuth.

Strauss, através das influências de Bülow e do pai, seguia uma linha mais tradicional, mais ligada à música pura - o que é demonstrado claramente nas primeiras obras, de feição bastante mozartiana até.
Depois da amizade com Ritter, a mudança seria total. O próprio Strauss confessaria mais tarde: "foi Ritter quem fez de mim um músico do futuro".
Foi então que Strauss começou a escrever algumas obras-primas no gênero que o tornaria famoso: o poema sinfônico.

O primeiro foi Aus Italien, composto em 1886. Em seguida a ele viriam Don Juan, de 1888, Morte e transfiguração, de 1889, Till Eulenspiegel, de 1894, Assim falou Zaratustra, de 1895, Dom Quixote, de 1897, e Uma vida de herói, de 1898. Enquanto isso, compunha dezenas de lieder, outro dos gêneros a qual se dedicou.
Mas o sonho oculto de Strauss era o teatro: ele queria escrever uma ópera. A primeira tentativa se deu entre 1887 e 1893 e resultou em Guntram. A segunda foi feita em 1900, quando foi composta Feuersnot.

Hoje, a crítica considera essas duas óperas meros ensaios, um tanto infrutíferos. O golpe de mestre só seria proferido em 1905, com a estréia da ópera Salomé.
Salomé, baseada em uma peça teatral de Oscar Wilde, foi o primeiro grande sucesso operístico de Strauss. Irmã desta seria a ópera Elektra, primeira colaboração com o libretista Hugo von Hofmannsthal, estreada em 1909.
Strauss parecia estar se tornando um "Wagner exasperado", nas palavras de Debussy, quando surpreendeu a todos com O cavaleiro da rosa, mais uma vez com libreto de Hoffmannstahl, estreada em 1911.

A ópera, ambientada na galante Viena do século XVIII, é leve e luminosa: as semelhanças com Mozart seriam mais vezes lembradas pelos críticos. Obra totalmente diversoa em espírito das sombrias, muitas vezes cruentas, Salomé e Elektra. Outra mudança de rumo?
Sim. Em 1916, foi finalizada Ariadne auf Naxos; desta vez a referência não era o rococó, mas o barroco, que estava na moda. O contraste com Salomé não poderia ser maior - enquanto esta requeria uma orquestra gigantesca, com mais de cem músicos, Ariadne auf Naxos pede apenas um conjunto de câmara, de 35 músicos.
Enquanto isso, Strauss construía uma carreira invejável. Após inúmeros anos como director da Ópera Real de Berlim, em 1919 foi nomeado para a direcção da Ópera de Viena, lá permanecendo por cinco anos.

Além de reger e compor, não parava: em 1917, junto com Hoffmannsthal, ajudou a criar o Festival de Salzburgo, ao mesmo tempo em que organizava um sindicato de músicos.
Mas estava numa entressafra composicional. Em 1915 terminou a Sinfonia Alpina, em que voltava ao universo dos poemas sinfônicos, mas combinado a um gênero mais "clássico".

Em 1917, estreou a ópera A mulher sem sombra, que não atingiu o nível das obras anteriores.
O sucesso só viria novamente com a ópera Arabella, finalizada em 1932. O libreto ainda é do fiel Hoffmannsthal, que morreu sem ver a ópera composta. Arabella retoma a linha límpida de O cavaleiro da rosa, e inclusive presta homenagem às valsas de seu xará vienense mais famoso, Johann Strauss Jr.
Por essa época, o nazismo já era o regime na Alemanha, e Richard Strauss acabou se envolvendo, um tanto que ingenuamente, com o sistema.

Aceitou ser o presidente da Câmara de Música do Reich e, apesar de ser demitido por Goebbels (insistiu em colocar o nome de seu libretista Stefan Zweig, um judeu, no cartaz da ópera A mulher silenciosa, que estreou em 1935), não foi mais incomodado pelos nazistas.
Pouco a pouco, Strauss foi se isolando em sua casa de campo em Gramisch. Sua carreira chegava ao fim. Mas ainda viveria mais dez anos, e estes nos dariam mais algumas obras-primas: a "meta-ópera" Capriccio, concertos (para oboé, o segundo para trompa), o poema sinfônico Metamorfoses, as Quatro últimas canções.
Com esta magistral colecção de lieder, Strauss dava adeus à vida.

A última canção termina com uma comovente citação de uma obra de juventude, Morte e transfiguração.
No dia 8 de setembro de 1949, morria Richard Strauss.
Posted by Picasa

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