sexta-feira, novembro 11, 2005

 

INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA


Posted by Picasa Na sequência do derrube da ditadura em Portugal em 25 de abril de 1974, abrem-se perspectivas imediatas para a independência de Angola.
O Governo português negocia com os três principais movimentos de libertação (MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola, FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola e UNITA – União Nacional para a Independência Total de Angola) o período de transição e o processo de implantação de um regime democrático em Angola pelos Acordos de Alvor em janeiro de 1975.
A independência de Angola não foi o início da paz, mas o início de uma nova guerra aberta.

Muito antes do dia da Independência, a 11 de novembro de 1975, já os três três grupos nacionalistas que tinham combatido o colonialismo português lutavam entre si pelo controle do país, e em particular da capital, Luanda. Cada um deles era na altura apoiado por potências estrangeiras, dando ao conflito uma dimensão internacional.
A União Soviética e Cuba apoiavam o MPLA, que controlava a cidade de Luanda e pouco mais. Os cubanos não tardaram a desembarcar em Angola (5 de outubro de 1975). A África do Sul apoiava a UNITA e invade Angola (9 de agosto de 1975).

O Zaire, que apoiava a FNLA, invade também este país, em julho de 1975.
A FNLA conta também com o apoio da China, mercenários portugueses e também com o apoio da África do Sul.
Os EUA que apoiaram inicialmente apenas a FNLA, não tardam a ajudar também a UNITA. Neste caso, o apoio manteve-se até 1993. A sua estratégia foi durante muito tempo dividir Angola.
Em outubro de 1975, o transporte aéreo de quantidades enormes de armas e soldados cubanos, organizado pelos soviéticos, mudou a situação, favorecendo o MPLA. As tropas sul-africanas e zairenses retiraram-se, e o MPLA conseguiu formar um governo socialista unipartidário.
O Brasil é rápido em reestabelecer relações diplomáticas com a nova república que se instala. Faz isso antes mesmo de qualquer país do bloco comunista. Nenhum país ocidental ou mesmo africano segue seu exemplo. A decisão de reconhecer como legítimo o governo de Agostinho Neto foi tomada por Geisel ainda em 6 de novembro, antes da data oficial de Independência de Angola.
Já em 1976 as Nações Unidas reconheciam o governo do MPLA como o legítimo representante de Angola, o que não foi seguido nem pelos EUA, nem pela África do Sul.
No meio do caos que Angola se havia tornado, cerca de 300 mil portugueses abandonam este país entre 1974 e 1976, o que agrava de forma dramática a situação económica.
Em maio de 1977, um grupo do MPLA encabeçado por Nito Alves, desencadeia um golpe de Estado, que é afogado num banho de sangue. No final deste ano, o MPLA realiza o seu 1º Congresso, onde se proclama um partido marxista-leninista e adopta o nome de MPLA-Partido do Trabalho.
A guerra continuava a alastrar por todo o território.

A UNITA e a FNLA juntaram-se então contra o MPLA. A UNITA começou por ser expulsa do seu quartel-general no Huambo, sendo as suas forças dispersas e impelidas para o mato.
Mais tarde, porém, o partido reagrupou-se, iniciando uma guerra longa e devastadora contra o governo do MPLA.
A UNITA apresentava-se como sendo anti-marxista e pró-ocidental, mas tinha também raízes regionais, principalmente na população Ovimbundu do sul e centro de Angola.
Agostinho Neto, morre em Moscovo a 10 de setembro de 1979, sucedendo-lhe no cargo o ministro da Planificação, o engenheiro José Eduardo dos Santos.
No início dos anos 80, o número de mortos e refugiados não pára de aumentar. As infra-estruturas do país são brutalmente destruídas. Os ataques da África do Sul não páram. Em agosto de 1981, lançam a operação "Smokeshell" utilizando 15.000 soldados, blindados e aviões, avançando mais de 200 km na província do Cunene (sul de Angola).

O governo da África do Sul justifica a sua acção afirmando que na região estavam instaladas bases dos guerrilheiros da SWAPO, o movimento de libertação da Namíbia.
Na realidade tratava-se de uma acção de apoio à UNITA, tendo em vista a criação de uma "zona libertada" sob a sua administração. Estes conflitos só terminaram em dezembro de 1988, quando em Nova Iorque foi firmado um acordo tripartido (Angola, África do Sul e Cuba) que estabelecia a Independência da Namíbia e a retirada dos cubanos de Angola.
A partir de 1989, com a queda do bloco da ex-União Soviética, sucedem-se em Angola os acordos de paz entre a Unita e o MPLA, seguidos do recomeço das hostilidades.
Em junho de 1989, em Gbadolite (Zaire), a UNITA e o MPLA estabelecem uma trégua. A paz apenas durou dois meses.
Em fins de abril de 1990, o governo de Angola anuncia o reinício das conversações directas com a UNITA, com vista ao estabelecimento do cessar fogo. No mês seguinte, a UNITA reconhecia oficialmente José Eduardo dos Santos como o chefe de estado angolano. O desmoronar da União Soviética acelera o processo de democratização. No final do ano, o MPLA anunciava a introdução de reformas democráticas no país. A 11 de maio de 1991, o governo publica uma lei que autorizava a criação de novos partidos, pondo fim ao monopartidarismo. A 22 de maio os últimos cubanos saem de Angola.
Em 31 de maio de 1991, com a mediação de Portugal, EUA, União Soviética e da ONU, celebram-se os acordos de Bicesse (Estoril), terminado com a guerra civil desde 1975, e marcando as eleições para o ano seguinte.
As eleições de setembro de 1992, dão a vitória ao MPLA (cerca de 50% dos votos). A UNITA (cerca de 40% dos votos) não reconhece os resultados eleitorais. Quase de imediato sucede-se um horrendo banho de sangue, reiniciando-se o conflito armado.
Em 1993, o Conselho de Segurança das Nações Unidas embarga as transferências de armas e petróleo para a UNITA. Tanto o governo como a UNITA acordaram, em parar as novas aquisições de armas, mas tudo não passou de palavras.
Em novembro de 1994, celebra-se o Protocolo de Lusaka, na Zâmbia entre a UNITA e o Governo de Angola (MPLA). A paz parece mais do que nunca estar perto de ser alcançada. A UNITA usou o acordo de paz de Lusaka para impedir mais perdas territoriais e para fortalecer as suas forças militares. Em 1996 e 1997 adquiriu grandes quantidades de armamentos e combustível, enquanto ia cumprindo, sem pressa, vários dos compromissos que assumira através do Protocolo de Lusaka.
Em dezembro de 1998, Angola retorna ao estado de guerra aberta, que só parou em 2002, com a morte de Jonas Savimbi (líder da Unita).

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