sábado, janeiro 21, 2006

 

CHRISTIAN DIOR


Posted by Picasa Christian Dior era da Normandia, região balneária do Canal da Mancha.
E mesmo com o infinito do mar à sua frente durante toda a infância e adolescência, foi um homem reservado e tímido, extremamente sensível, cuja personalidade é bem menos conhecida do que o nome da marca que construiu.
Quando nasceu, no dia 21 de Janeiro de 1905, o pai certamente torceria o nariz se soubesse que aquele bebê se recusaria a administrar os negócios da família para revolucionar a moda do meio do século XX com o chamado “New Look”.
E Christian demorou muito tempo para descobrir a sua verdadeira vocação, só sabia o que não queria fazer.
A visita às fábricas da família foi para ele um calvário.
Ele diria mais tarde: “Ali surgiu meu verdadeiro horror às máquinas!”
Mas muito antes de Christian entrar para a história da moda, a família Dior era formada basicamente por lavradores normandos, cuja árvore genealógica remonta à 1541.
A ascenção social do clã começou com o seu avô e continuou com o sucesso do seu pai, Maurice. No início, as fábricas Dior produziam ácido sulfúrico para fertilizantes, produto que a França era líder mundial no início do século passado.
Nos anos 20 desenvolveram o sabão em pó e a água sanitária Dior que dominou o mercado de produtos de limpeza.
E da rústica água sanitária para os refinados perfumes foi só um pulo de geração… A casa que viu Christian nascer e crescer está suspensa no alto de uma montanha em Granville.
Em estilo belle-époque e chamada “Les Rhumbs”, foi lá que mãe e filho compartilharam a afeição pelo jardim de campo inglês - facto que marcou e inspirou profundamente o futuro estilista. Amante da elegância, das boas maneiras e da vida burguesa, Madeleine exerceu grande influência em Christian. Dizem as lendas que no quarto do estilista, na cabeceira ao lado da cama, ele guardava um álbum com fotos da sua infância.
Eram registos do jardim que ele e sua mãe criaram, em torno de um espelho d´água, e onde começou a sua paixão incondicional pelas flores.
Para quem cansou de ouvir dos locais de Granville “isso cheira à Dior…” (referindo-se ao mau cheiro que as fábricas lançavam ao ar), ele vingou-se com coleções que exalavam flores e com fragrâncias como “Miss Dior” (em homenagem à irmã Catherine) ou “Diorissimo” (baseado na muguet, sua flor fetiche). A morte prematura de Madeleine, em 1931, foi um choque para Christian. Aliás foi um ano infeliz para toda a família cujas empresas começaram a falir uma atrás da outra. A venda dos imóveis para saldar as dívidas culminou tristemente com a casa de Granville. Posteriormente Christian tentaria readquiri-la por diversas vezes, mas o proprietário recusou-se terminantemente a vendê-la.
Furiosamente contrariado, jurou nunca mais pisar em Granville para o resto de sua vida! Sua paixão pela arquitectura ele exprimiu na construção de vestidos que ele chamava de “arquitecturas efêmeras destinadas a embelezar o corpo da mulher”.
Em sua curta carreira Christian apresentou 22 coleções, todas um sucesso, tanto de crítica quanto comercialmente. A primeira, em 1947, trouxe fama imediata com um desfile de 90 looks e apenas 6 modelos… Naquela Paris de pós-guerra, decidiu que as mulheres deveriam se libertar da humilhação de vestir roupas de tecidos baratos com jeito de uniforme (ombros quadrados e saias curtas).
Ele propunha roupas femininas e delicadas, com corte acinturado, ombros estreitos, saias abaixo do joelho. Tudo com muito tecido fino para desespero da França ainda em período de restrições (algumas saias chegavam a consumir 40 metros!).
O governo britânico chegou a pedir que as mulheres boicotassem o estilista, mas o pedido foi pro limbo quando a Princesa Margaret apareceu em público vestindo Dior com a seguinte declaração: “Nós não podemos ditar às mulheres a altura de suas saias!”.
Aliás a polêmica coleção tinha o “dedo” de Madeleine - Christian atribuía a inspiração às roupas que a tão amada mãe vestia…
No número 30 da Avenue Montaigne, o mesmo luxuoso endereço que a Maison Dior está instalada até hoje, reuniu pessoas de grande talento para trabalhar com ele: Pierre Cardin e Yves Saint Laurent foram os assistentes que mais tarde tiveram suas próprias maisons.
Pierre confessa: “Com ele aprendi o que era a verdadeira elegância, sem Christian Dior eu não poderia ser Pierre Cardin”. Apenas 10 anos depois de inflamar o mundo da moda, Christian morria de ataque cardíaco na Itália, tinha 52 anos. Os últimos meses foram martirizados com injeções de todos os tipos: para acordar de manhã, para ter apetite, para conseguir dormir… A casa onde ele passou os melhores anos de sua vida, ao lado da mãe e em torno do jardim, finalmente é sua para sempre. “Les Rhumbs” foi transformada em museu em 1997, o único da França dedicado a um estilista.
Lá a maresia se mistura ao perfume natural do jardim e uma tela de árvores protege as flores que tanto o inspiraram.
Christian dorme feliz.

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