sexta-feira, janeiro 13, 2006

 

O GATO DAS BOTAS


Posted by Picasa Era uma vez um moleiro muito pobre, que tinha três filhos.
Os dois mais velhos eram preguiçosos e o caçula era muito trabalhador. Quando o moleiro morreu, só deixou como herança o moinho, um burrinho e um gato.
O moinho ficou para o filho mais velho, o burrinho para o filho do meio e o gato para o caçula.
Este último ficou muito descontente com a parte que lhe coube da herança, mas o gato lhe disse: - Meu querido amo, compra-me um par de botas e um saco e, em breve, te provarei que sou de mais utilidade que um moinho ou um asno.
Assim, pois, o rapaz converteu todo o dinheiro que possuía num lindo par de botas e num saco para o seu gatinho.
Este calçou as botas e, pondo o saco às costas, encaminhou-se para um sítio onde havia uma coelheira.
Quando ali chegou, abriu o saco, meteu-lhe uma porção de farelo miúdo e deitou-se no chão fingindo-se morto.
Excitado pelo cheiro do farelo, o coelho saiu de seu esconderijo e dirigiu-se para o saco.
O gato apanhou-o logo e levou-o ao rei, dizendo-lhe: - Senhor, o nobre marquês de Carabás mandou que lhe entregasse este coelho.
Guisado com cebolinhas será um prato delicioso.
- Coelho? - exclamou o rei.
- Que bom! Gosto muito de coelho, mas o meu cozinheiro não consegue nunca apanhar nenhum. Diz ao teu amo que eu lhe mando os meus mais sinceros agradecimentos.
No dia seguinte, o gatinho apanhou duas perdizes e levou-as ao rei como presente do marquês de Carabás.
Durante um tempo, o gato continuou a levar ao palácio outros presentes, todos dizia ser da parte do Marquês de Carabás.
Um dia o gato convidou seu amo para tomar um banho no rio.
Ao chegarem ao local o gato disse ao jovem:
- De hoje em diante seu nome será Marquês de Carabás.
Agora, por favor, tire sua roupa e entre na água.
O rapaz não estava entendendo nada, mas como confiava no gato atendeu seu pedido.
O gato havia levado rapaz no local por onde devia passar a carruagem real.
Esperto o gato ao ver uma carruagem se aproximando começou a gritar:
- Socorro! Socorro!
- Que aconteceu? - perguntou o rei, descendo da sua carruagem.
- Os ladrões roubaram a roupa do nobre marquês de Carabás! - disse o gato.
Meu amo está dentro da água, ficará resfriado.
O rei mandou imediatamente uns servos ao palácio; voltaram daí a pouco com um magnífico vestuário feito para o próprio rei, quando jovem.
O dono do gato vestiu-se e ficou tão bonito que a princesa, assim que o viu, dele se enamorou.
O rei também ficou encantado e murmurou:
- Eu era exatamente assim, nos meus tempos de moço.
O rei convidou o falso marquês para subir em sua carruagem.
- Será que a vossa majestade nos dá a honra de visitar o palácio do Marquês de Carabás? – perguntou o gato, diante do olhar aflito do rapaz .
O rei aceitou o convite e o gato saiu na frente, para arrumar uma recepção para o rei e a princesa.
O gato estava radiante com o êxito do seu plano; e, correndo à frente da carruagem, chegou a uns campos e disse aos lavradores:
- O rei está chegando; se não lhes disserem que todos estes campos pertencem ao marquês de Carabás, o rei mandará cortar-lhes a cabeça.
De forma que, quando o rei perguntou de quem eram aquelas searas, os lavradores responderam-lhe:
- Do muito nobre marquês de Carabás.
- Que lindas propriedades tens tu!- elogiou o rei ao jovem.
O moço sorriu perturbado, e o rei murmurou ao ouvido da filha:
- Eu também era assim, nos meus tempos de moço.
Mais adiante, o gato encontrou uns camponeses ceifando trigo e lhes fez a mesma ameaça: Se não disserem que todo este trigo pertence ao marquês de Carabás, faço picadinho de vocês. Assim, quando chegou á carruagem real e o rei perguntou de quem era todo aquele trigo, responderam:
- Do mui nobre marquês de Carabás.
O rei ficou muito entusiasmado e disse ao moço:
- Ó marquês! Tens muitas propriedades!
O gato continuava a correr à frente da carruagem; atravessando um espesso bosque, chegou à porta de um magnífico palácio, no qual vivia um ogro muito malvado que era o verdadeiro dono dos campos semeados.
O gatinho bateu à porta e disse ao ogro que a abriu:
- Meu querido ogro, tenho ouvido por aí umas histórias a teu respeito.
Dizei-me lá: é certo que te podes transformar no que quiseres?
-Certíssimo - respondeu o ogro, e transformou-se num leão.
- Isso não vale nada, disse o gatinho. Qualquer um pode inchar e aparecer maior do que realmente é. Toda a arte está em se tornar menor. Poderias, por exemplo, transformar-te em rato?
- É fácil. respondeu o ogro, e transformou-se num rato.
O gatinho deitou-lhe logo as unhas, comeu-o e desceu logo a abrir a porta, pois naquele momento chegava á carruagem real.
E disse: - Bem vindo seja, senhor, ao palácio do marquês de Carabás.
- Olá! - disse o rei. Que formoso palácio tens tu! Peço-te a fineza de ajudar a princesa a descer da carruagem.
O rapaz, timidamente, ofereceu o braço à princesa e o rei murmurou-lhe ao ouvido:
- Eu também era assim tímido, nos meus tempos de moço.
Entretanto, o gatinho meteu-se na cozinha e mandou preparar um esplêndido almoço, pondo na mesa os melhores vinhos que havia na adega; e quando o rei, a princesa e o amo entraram na sala de jantar e se sentaram à mesa, tudo estava pronto.
Depois do magnífico almoço, o rei voltou-se para o rapaz e disse-lhe:
- Jovem, és tão tímido como eu era nos meus tempos de moço.
Mas percebo que gostas muito da princesa, assim como ela gosta de ti. Por que não a pedes em casamento?
Então, o moço pediu a mão da princesa, e o casamento foi celebrado com a maior pompa.
O gato assistiu, calçando um novo par de botas com cordões encarnados e bordados a ouro e preciosos diamantes.
Daí em diante passaram a viver muito felizes.
E se o gato às vezes ainda se metia a correr atrás dos ratos, era apenas por divertimento; porque não mais precisava de ratos para matar a fome...

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