sábado, março 04, 2006
INFANTE D. HENRIQUE


E, apesar das sombras que por vezes escurecem a sua existência, como mentor dos Descobrimentos, é considerado um dos grandes heróis da História de Portugal.
Filho de D. Filipa de Lencastre e de D. João I, veio ao mundo a 4 de Março de 1394, no Porto.
Os seus irmãos, D. Duarte, D. Pedro, D. Fernando e D. João formam, consigo, a "Ínclita Geração".Era vagaroso e lento de maneiras e muito fleumático, à maneira inglesa, mas aos 21 anos, em África, na conquista de Ceuta (1415), foi valente e desenvolto como um guerreiro luso.
Defendeu essa empresa com todo o ardor e entusiasmo.
Seu pai, indeciso, depois de ouvir-lhe a opinião, acabou por se decidir, dizendo-lhe: "Filho digno e merecedor do meu afecto, nascido do meu espírito e do meu sangue, a tua opinião merece ser louvada e louvo-a eu, aprovando a empresa."
Não cabia no seu coração o alvoroço de tanta alegria. Agradeceu e beijou a mão do pai. Num total de cinquenta mil homens, a Armada seguiu para sul, ao longo da costa de Portugal.
Aguardava o raiar da alvorada para atacar.
Os mouros ofereceram tenaz resistência. A cidade foi finalmente tomada. A vitória estava completa e as tropas encheram-se de tesouros.
No domingo de manhã celebrou-se missa pela primeira vez na mesquita já purificada.
Ele e os irmãos foram armados cavaleiros pelo pai.
Mal podiam adivinhar que a conquista de Ceuta viria a ser um marco importante na História da Europa e do Mundo.
Em jovem nunca desdenhou o galanteio, perseguindo e beliscando damas mas, no entanto, não chegou a casar.
Católico convicto, crente quanto baste, cruzado piedoso, empenhou a vida, alguns sonhos e muitas aventuras a impulsionar navegadores na descoberta de outras terras.
Foi nos penhascos de Sagres que se instalou e aprendeu os mistérios do mar.
A Índia ocupava o centro da sua esfera de projectos. Pretendia romper a lenda tenebrosa do Cabo Não, navegando ao longo da costa africana até achar a passagem do extremo sul do desconhecido continente, da Costa de África para o Oriente, e fazer a ligação marítima para a Índia.Foi nesse promontório de Sagres que mandou edificar o primeiro observatório astronómico, o primeiro conhecido na Europa, sendo tão grande a fama deste centro marítimo que Veneza mandou emissários a Portugal para negociarem a sua compra.
Sob a sua orientação novos mundos foram descobertos, como os arquipélagos da Madeira, dos Açores e de Cabo Verde, a costa ocidental africana, após Gil Eanes, em 1434, ter gloriosamente dobrado o Cabo Bojador, onde, segundo se dizia, o mar era tão bravo que nenhuma nau poderia resistir.
Em 13 de Novembro de 1460, um mês depois de fazer o seu testamento, morreu, com 66 anos de idade, afastado da corte, ausente de amigos e nos braços da solidão.
Sepultado em Santa Maria de Lagos, foi trasladado para o Mosteiro da Batalha, para a capela do Fundador.
Na fachada do sarcófago foi esculpida a sua esfinge. Ao longo do friso lê-se a divisa que sempre fez questão de cumprir: "Talent de bien faire" (Vontade de bem-fazer).
Juntamente com Nuno Álvares Pereira e Camões, é considerado um dos maiores construtores dos sentimentos da Nacionalidade.