sábado, março 04, 2006

 

VIVALDI


Posted by Picasa Antonio Lucio Vivaldi nasceu em 4 de março de 1678 em Veneza, Itália. Na verdade, como nesta época não existia uma Itália unificada, a cidade e sua região formavam uma república independente - a Serenissima Reppublica. Era um ducado próspero e influente, muito ligado às artes: eram venezianos Monteverdi, Tiepolo, Tintoretto, Canaletto, Zeno, Albinoni... e Vivaldi, claro, que iria se tornar um dos mais célebres.
Antonio sempre teve uma saúde frágil. Consta que já correra risco de vida logo ao primeiro dia, tanto que seu baptizado ocorreu apressadamente, poucos instantes após o parto.

O pai, Giovanni Battista, era barbeiro, fabricante de perucas e também tocava violino, o que lhe valia um posto na Capela Ducal de São Marcos.
Os Vivaldi eram conhecidos na cidade pelo apelido de "Rossi", isto é, os vermelhos.

Isso se devia ao facto de que a maior parte dos membros da família eram ruivos.
Na época, ter os cabelos vermelhos era um tanto raro; os ruivos despertavam a atenção de todos e não eram muito bem vistos.
Antonio demonstrava vocação musical desde pequeno.

Foi educado pelo pai, que o iniciou ao violino; seus progressos foram tão evidentes que logo entrou como "extra" na Capela Ducal.
Ao mesmo tempo, seu pai o encaminhava ao sacerdócio.
Giovanni planejava a carreira do filho com exactidão:
sendo padre, Antonio teria todas as garantias e a protecção da Igreja, e ainda assim teria trânsito livre no meio musical de Veneza.
Não foi diferente. Antonio recebeu a tonsura em 1693, quando tinha 15 anos, e foi ordenado dez anos depois.

Exatamente no mesmo ano, o já Prete Rosso - Padre Ruivo - assumia o cargo de professor de violino no Ospedale della Pietà, instituição religiosa que fornecia abrigo e formação musical a meninas carentes.
Mas Vivaldi não rezaria missa por muito tempo.

Aliás, cumpriria suas funções regulares por cerca de um ano. Depois, nunca mais.
Há alguma lendas em torno deste facto. Uma delas conta que ele sairia correndo, em meio de uma missa, para anotar uma melodia que lhe ocorrera.
Por essa história inusitada, Vivaldi seria afastado das funções sacerdotais pelo Tribunal da Inquisição.
Porém, ele mesmo explicaria seu problema, já no final da vida:
Há vinte e cinco anos não celebro missa e não mais o farei, não por ordem ou proibição de meus superiores, mas de minha espontânea vontade, devido a uma doença congênita que me deixa com a sensação de falta de ar.

Assim que me ordenei padre, rezei a missa durante pouco mais de um ano e por três vezes tive que abandonar o altar sem terminar a cerimônia, por causa desse mesmo mal.
Qual seria este misterioso mal?

Vivaldi o chamava de stretezza di petto - estreiteza de peito. Asma.
É certo que sua saúde era frágil desde o nascimento, mas como o doente padre que não conseguia manter-se vinte minutos no altar pôde construir uma obra tão vasta, e ainda dar aulas, reger, ser virtuose e coordenar seus negócios, sem parar um instante?
Ainda é um mistério.
Acometido de mal misterioso ou não, Vivaldi tornou-se director do Ospedale em 1705.

Era um grande posto, apesar de mal pago. Tinha à sua disposição uma boa orquestra, coro e solistas, que, permanentemente e sem limitações de espécie alguma, lhe permitiam a execução de suas obras e toda a sorte de experiências musicais.
Existiam quatro ospedali semelhantes em Veneza, todos famosos por sua música - segundo Jean-Jacques Rousseau, "muito superior à das óperas, sem paralelo na Itália".

A Pietà era a mais respeitada delas, e seus concertos eram freqüentados pelas pessoas mais influentes da época, inclusive reis e rainhas.
Vivaldi, portanto, começou a entrar em contacto constante com a nobreza. E iniciou sua fama internacional, fazendo viagens e publicando suas obras.
Além do Ospedale, Vivaldi se dedicou à ópera. Começou no teatro não apenas como compositor, mas como empresário, em 1713, quando sua primeira ópera, Ottone in Villa, foi encenada em Vicenza.

Mas seu nome ficaria ligado ao Teatro Santo Ângelo, de Veneza, onde seria o principal organizador - mais modernamente, diríamos "agitador cultural".
Como empresário de ópera, Vivaldi teria uma vida das mais atribuladas. O Padre Ruivo não parava: contratava e dispensava, resolvia atritos entre cantores, solucionava problemas financeiros, ensaiava, montava turnês... e sua stretezza di petto? Parece que a doença não era empecilho.

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