sexta-feira, setembro 08, 2006

 

BULA REX REGNUM


Antes mesmo do descobrimento do Brasil os portugueses já traficavam escravos da África.
Não existe documentação precisa dessas diversas importações, a não ser vagas notícias de paradas de navios negreiros, nesse ou naquele porto do continente negro.
A informação mais precisa vem de
Zurara, onde o autor da Crônica do Descobrimento e Conquista de Guiné faz um relato de como Antão Gonçalves, em 1441 capturou e trouxe para o Infante D. Henrique os primeiros escravos africanos, bem como a transação com Afonso Goterres, para aprisionar os negros do Rio do Ouro.
Isso foi o começo para que o espírito aventureiro de conquista do português criasse usura no continente africano, em busca de um comércio, não obstante desumano e humilhante, porém fácil e estritamente rendoso. A coisa cresceu tanto, que em pouco tempo já podia sentir
Lisboa com um cheiro de cidade mulata, assim como mexer com a imaginação poética dos trovadores, Gil Vicente, Camões e, em especial, Garcia de Resende.
Mas, com o passar do tempo, longe de se pensar na extinção dessa atividade, ela toma um impulso vigoroso, agora com o forte aval da
Igreja Católica, com a justificativa de que os portugueses fariam os povos ditos bárbaros adeptos de Cristo e, para tanto, mais papas e bulas houvessem. O papa Eugénio IV, pelas bulas Dudum cum, de 31 de julho de 1436, Rex Regnum, de 8 de setembro de 1436 e ainda a Preclaris tuis de 25 de maio de 1437, renovou a concessão ao D. Duarte de todas as terras que conquistasse na África, desde que o território não pertencesse a príncipe cristão. Não ficou somente aí o esdrúxulo privilégio.

Comentários:
Senhor Acácio Simões,
Adorei a sua descrição. Afinal os Papas sempre foram uns papões, e onde houvesse dinheiro lá estavam a cobrar.
Nos dias de hoje são os políticos que não passam de uns papistas.
Abraço amigo de terras da China
 
Não entendo a razão porque mistura a escravatura, que nunca foi abordada nas bulas respetivas, com as razões da vontade de fazer uma cruzada, abordando a questão de legitimação do Papa a esse acto a favor do Reino de Portugal na conquista de território aos "infiéis" muçulmano, numa altura em que a Europa estava em perigo de ser invadida novamente por eles.
Cumprimentos de Portugal Continental.
Lourenço Almada
 
Postar um comentário

« Voltar

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

FREE hit counter and Internet traffic statistics from freestats.com