segunda-feira, junho 11, 2007

 

TIMOTHY McVEIGH



Timothy McVeigh, autor da explosão de Oklahoma, morre em silêncio e frustra muitos sobreviventes e familiares de vítimas.
Aos 33 anos, Timothy McVeigh, arquitecto e executor do mais terrível atentado terrorista ocorrido em território americano, morreu a dormir.
Responsável pela explosão do prédio Alfred Murrah na Cidade de Oklahoma, em 1995, que resultou na morte de 168 pessoas, entre elas 19 crianças abrigadas numa creche, McVeigh sucumbiu a uma injecção letal.
A sentença foi cumprida ao amanhecer da segunda-feira 11 de Junho, na prisão federal de Terre Haute, pequena cidade do Estado de Indiana, no meio oeste americano.
Amarrado a uma espécie de maca, um McVeigh dopado e já inconsciente recebeu mais duas substâncias que lhe paralisaram a respiração e os batimentos cardíacos.
Cerca de 30 testemunhas, entre sobreviventes do atentado, parentes de vítimas, jornalistas e advogados, assistiram à morte do condenado. Na Cidade de Oklahoma, capital do Estado, outros 232 familiares de gente assassinada por McVeigh acompanharam seus minutos finais por um circuito fechado de TV.
Ele sofreu uma execução “eficiente e digna”, conforme recomenda o protocolo de 56 páginas produzido pelo órgão oficial encarregado de administrar prisões e penas de morte.
Desde que os Estados Unidos reinstituíram a pena capital, em 1976, cerca de 700 pessoas foram executadas. O método preferido nos últimos anos tem sido a injecção letal.
A morte limpa e asséptica compôs um contraste chocante com os corpos dilacerados e banhados em sangue das vítimas de Oklahoma. O Alfred Murrah, prédio do governo federal, ruiu sob o impacto de 3.500 quilos de explosivos acondicionados numa carrinha alugada por McVeigh.
No 2º andar funcionava uma creche baptizada de Crianças da América.
No tribunal, apesar das evidências, McVeigh recusou-se a confessar formalmente o crime. Só muito mais tarde, em entrevista a dois repórteres do jornal Buffalo News, admitiu que explodira o edifício.
Sem vestígios de remorso, contou que o atentado fora um acto de guerra contra o governo federal, que qualificava de “opressivo e tirânico”.
A morte das crianças teria sido um “dano colateral”. “Nas acções militares, esse dano é inevitável”, explicou.
Antes mesmo de embarcar em 1991 para o Golfo Pérsico, onde agiu como atirador de blindados, McVeigh professava teses muito caras à extrema direita americana.
Voltou para casa com uma medalha no peito. Deixou o Exército para aproximar-se de milícias e grupos racistas brancos americanos. Convenceu-se então de que o governo, por intermédio do FBI, a polícia federal, e de outros órgãos oficiais, conspirava para transformar os Estados Unidos num estado policial. A prova do conluio seria o esforço das autoridades em restringir o porte de armas de fogo – um direito sagrado do cidadão, de acordo com as milícias.
Milicianos direitistas gostam de vestir roupas militares e são apaixonados por armas e caçadas. O caldo de cultura que abastece seu ódio ao governo resulta de uma mistura de revistas e textos medíocres que advogam desde o nazismo até a superioridade dos brancos sobre as demais raças. O livro de cabeceira de McVeigh era Os Diários de Turner, obra publicada em 1978 por William L. Pierce, ex-membro do Partido Nazista americano.
Trata-se da história de um conspirador que, entregue à luta contra restrições ao porte de armas, dinamita a sede do FBI em Washington, capital do país. McVeigh concebeu o atentado de Oklahoma como uma vingança ao cerco do governo federal a um grupo religioso que se recusava a entregar suas armas às autoridades, em 1993.
O assédio ocorreu em Waco, no Texas, e resultou na morte de mais de 80 pessoas. A bomba que derrubou o edifício Alfred Murrah explodiu exactamente no segundo aniversário do drama de Waco.
Abstraídos extremistas de direita, as justificativas de Timothy McVeigh não sensibilizaram os americanos. Ao contrário: a divulgação de detalhes do crime induziram até adversários da pena de morte a capitular diante do que lhes parecia um caso extraordinário. Nunca foi tão ecumênico o “sim” a uma execução. Sobreviventes da explosão, apesar de tudo, seguiram insatisfeitos. Esperavam de McVeigh um pedido de desculpas, ao menos um gesto de arrependimento. Outros desejavam que ele experimentasse algum sofrimento visível na hora final. Mas o terrorista, que preferiu morrer em silêncio, partiu sem dor. E reafirmou a ausência de pena por quem sofrera pelo terror em Oklahoma.
jp

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